Antes do incêndio

Luce tinha uma mancha de óleo no rosto e uma mancha pegajosa perto da bainha de sua camisa. Seus tênis brancos eram agora um cinza cintilante. Mas ela não se importava; mal notou. Estar tão perto de um Alfa Romeo 67 foi um grande benefício do seu trabalho depois da escola.Luce estava muito confortável com seu trabalho.Ela havia tido uma espécie de sentimento de manhã de Natal, e acordou para encontrar presentes como dote, quando um dos poucos carros antigos da cidade entraram na loja.O pequeno Fiat conversível parecia confortável ou o cheiro que fazia o Chevy Impala. Eles eram muito mais legais do que o ultimo modelo do Mustang 4Runners.Isso era o que Luce temia no trabalho.O interior parecia mais com computadores do que carros, ela preferiu o primeiro. Estes são os tipos de carros que levariam um dos estudantes ricos da Dover que frequentam o ensino médio com Luce.

E isso era uma merda.

Os rapazes de sua classe de calculus estavam observando as manchas de graxa e cortes em seus trajes, suas expressões fez parecer ainda mais sujo do que já era.As meninas que têm seus armários no outro lado entraram na loja juntas, olhando com seus brilhos artificiais e rímel.Eles deixaram seus BMWs e, em seguida, foram até a loja de Jake para comprar cigarros enquanto esperavam por seus carros.Eles não perceberam a maneira como eles trataram Luce . Não olhando para ela.

Mas era um preço pequeno a pagar para ter nas mãos um par de carros clássicos.Como o que ela estava trabalhando hoje. Claro, o Alfa era um pouco rústico nas bordas. Sua transmissão já foi substituída duas vezes e parecia que precisava ser substituída novamente. As janelas não foram feitas com ele.

Mas era um carro de cerca de quarenta e tantos anos. Ele deve ter estado em lugares e visto coisas que Luce não poderia sequer imaginar. Ele tinha uma história e dignidade. Histórias que poderiam ofuscar quaisquer outros carros de luxo que seus colegas da Dover dirigem.

Com uma cãibra no cotovelo e uma profunda sensação de satisfação, Luce desenrolou o dreno do Alfa e o óleo derramou. Em seguida, rolou o corpo debaixo do carro.

- É tarde demais para você estar aqui.

A voz surpreendeu Luce. Embora soubesse que deveria ter sido surpreendida. Sr. Pisani, chefe de Luce. Ele praticamente morava naquela loja.Embora, na realidade, vivia no andar de cima com sua esposa e três filhos em um apartamento anexo à loja, mas nos três anos que Luce tinha começado a trabalhar para ele, tentando ganhar algum dinheiro extra para gastar em sua educação na Dover, ela nunca tinha visto ele subir.

- Estou terminando – disse Luce, apoiando os cotovelos no chão.

Sr. Pisani estendeu a mão para ajudá-la a levantar-se. A mão dele era forte, seu antebraço bronzeado e seu corpo era robusto . Mesmo que suas mãos tivessem parado de trabalhar na loja, eles ainda tinham sujeira nas dobras da palma da mão.

- Os meninos e eu vamos sentir falta de você durante o verão.

Luce sentiu os cantos de seus lábios se espalhando por todo o rosto. Para o Sr. P. Isso foi muito emocionante.

- Estarei de volta no outono Luce disse, segurando o pano menos sujo no cavalete para limpar as mãos.Se dependesse de mim, eu ficaria aqui durante todo o verão. Mas meus pais me querem de volta em casa. Eu sinto falta.

Uma série de socos, seguido por alguns palavrões em italiano foram ouvidos em toda a loja. Através de janelas interiores, Luce podia ver os três filhos do Sr. Pisani lutando entre si no hall de entrada.

- Imagine isso, disse Sr.Pisani,olhando pela janela, seus filhos tinham desaparecido de vista; Ele fez uma careta quando ouviu um barulho metálico. Talvez seus pais queiram que você fique um pouco mais este ano. Leve estes ‘Briccones’ (patifes em italiano) a Geórgia com você neste verão.

Luce riu. Como a única filha de seus pais muito convencionais. Ela imaginou os filhos de Sr. Pisani lutando em sua sala de estar quieta. Seus pais nunca tiveram que lidar com um bando de garotos indisciplinados. Eles tiveram que lidar com Luce, e as coisas silenciosas e escuras que vieram com sua educação.

Sr. Pisani acariciou suas costas e foi em direção ao hall de entrada. Não saia
sem dizer adeus você me ouviu? Eu estarei no escritório. Tenho receptores nos meus ouvidos.

“Ok”. Luce recolheu suas poucas coisas de seu cubículo,pegando seu suéter de sua bolsa e, em seguida, vestindo.
Seu celular estava no meio do bolso da frente . Ele estava vibrando. Uma mensagem de Callie falava da festa do fim de ano de Rachel Allison perto do lago.

Luce não queria ir. Ela nunca tinha estado em qualquer um dos partidos de Rachel, mas esperava saber dos rumores ainda mais insuportáveis ​​que sempre vinham na manhã de segunda-feira,como:

Rachel e Trevor terminaram durante -os ‘hors d’oeuvres’.(termo frânces para aperitivos,traduzindo literalmente fica fora das obras.)
Rachel e Trevor foram pegos ‘fazendo’ no quarto do Iate do pai de Rachel.
Collin e Eli fizeram um concurso de vomitar no lago.

- Mas é a última noite do ano, Callie tinha dito naquela manhã no chuveiro que fica ao lado do quarto de Luce. Vamos nos divertir.
Esfregando o Shampoo de seus olhos, Luce murmurou. Justamente por isso que não devemos ir a um porcaria de festa da escola preparatória.

- Oh, vamos lá. Você-sabe-quem vai estar lá. Disse Callie cantando. Começa com TR- e termina com sua obsessão platônica!

Trevor Beckman. Ele nem sempre foi sua obsessão. Apenas os 540 dias que Luce tinha estado em Dover. Ela não podia ajudá-lo. Nem tentando ajudar. Muito alto e musculoso, com cabelo cor de areia maravilhosa, Trevor era por longe o cara mais quente em Dover.
Pelos primeiros meses de aula, quando Luce ainda tinha que rastejar para ver o Dr. Sanford, seu psiquiatra em ShadyHollows, três ou quatro vezes por semana depois da escola,o seu dia seria muito mais brilhante com um sorriso, apenas vendo Trevor pelos corredores. Nem sequer sorriu para ela. O que tinha acontecido apenas algumas vezes, e, geralmente, a fez se sentir mais nervosa do que qualquer outra coisa.

Não, ela gostava apenas de assistir através da sala seu sorriso , a forma como os seus olhos realmente pareciam brilhar. Como um pensamento escuro nunca tinha cruzado seu rosto bonito.

Sozinha na garagem, Luce deslizou o telefone de volta em sua mochila, e uma mensagem de Callie voltou à sua mente. Ela mal era capaz de pedir Trevor passar-lhe o bisturi em Biologia. Como ela seria capaz de falar com ele no meio da festa com sua namorada.
Era confortável aqui na loja, com os Pisani. Eles eram divertidos, porque antes dela mudou-se para New Hampshire para ir para Dover (para ir a um psiquiatra, na verdade) Luce não tinha interesse em carros. Claro, ela tinha a esperança de ter um quando eu tivesse 60 anos, mas teve que mudar, qualquer coisa velha em sua vida tinha que mudar.

Antes dela começar a trabalhar ali, uma mudança de óleo significava lavar o cabelo pela primeira vez em poucos dias. Mas agora, nesta garagem suja, por vezes, se sentia mais em casa do que em qualquer outro lugar que Luce conhecia.

Ela perdeu os pais, é claro, mas as coisas eram difíceis com eles. Toda a sua família parecia afundar sob o peso dos conflitos de Luce. Conflitos .”Conflito”. Era uma palavra usada pelos seus pais, Luce lembrou que seus pais realmente não sabia os detalhes desses ‘Conflito’.

Talvez esse não era o caso. Talvez eles se importassem e se eles estivessem interessados. Ok, ela sabia que se importavam. Mas era o cuidado e a preocupação de seus pais, tornando impossível falar com eles que fez Luce sentir que estava louca. Às vezes parecia que a única coisa que salvou o relacionamento deles era o fato de que ela estava sempre ocupada com a escola pela maior parte do ano. Quando ela está em casa, é dolorosamente óbvio quão preocupado seus pais ficavam.

E ela não tem que lidar com coisas como essa nos Sr’s. P.

Apenas três filhos: Dominick, o filho mais jovem e tímido, que foi tratado como um príncipe, Frankie, o do meio, sempre namorando uma mulher mais velha, que usou Luce para desabafar como seu diário pessoal, e Joe, o mais velho, que era tão protetor que ela parecia com a irmã mais nova que ele nunca teve. Luce amava, todos eles. Ela sempre quis ter irmãos. Ela queria que o Sr. Pisani, também, embora ninguém fosse como o seu pai.Desajeitado e sem sorte, mas sempre fazendo piadas. Sr. Pisani e seus filhos a fez se sentir confortável. Normal, mesmo. Luce não gostava de pensar que era só porque eles não tinham visto o lado negro dela.
Ela apagou as luzes na garagem e caminhou pelo corredor estreito para o escritório de Sr. Pisani. Hora de dizer adeus. Parecia estranho e triste, um pouco mais de um ano e não tinha nome. Todo o dia o sentimento a estava perseguindo. Ela tinha sido plenamente consciente das sombras da loja, mas até agora, nada fora do comum. Provavelmente, os nervos estavam de partida.

Partindo.

Por que não tinha notado? Luce estava em frente à porta do escritório quando se lembrou do Sr. Pisani: O tradicional presente de despedida de verão. Os Pisanis fazem isso a cada ano. Ela gemeu, mas era o tipo de gemido que pessoas fazem quando estão lisonjeadas, como um cara em uma sala de karaoke forçado por amigos para cantar uma música e outra. Luce estava sorrindo quando ele bateu na porta.

Seguramente, o Sr. Pisani e seus filhos estavam à espera no escritório. Nenhum receptor aos ouvidos de ninguém. Apenas Frankie, saindo de trás da porta com um pano gorduroso usado como uma venda nos olhos.

- Você, Luce riu. Você tem que fazer isso todos os anos, eu vou estar de volta em três meses. Eu …

- Shhh … repreendeu todos se juntaram . Rindo e discutindo uns com os outros em italiano, eles amarraram a venda improvisada sobre os olhos de Luce-como fizeram todos os anos, e a levaram para a sala de volta para sua surpresa anual. Quando Luce disse que ela conhecia tão bem a loja da Pisani que podia andar com os olhos vendados, ela não estava brincando.

A experiência ensinou Luce a não esperar muito . Tão doce quanto foram os Srs.Pisani, não eram exatamente peritos na arte de presentear. Em seu primeiro ano, ele havia ganhado o par de brincos mais impressionante do mundo, sem dúvida tirado da loja de jóias da Sra. Pisani: flores de seda de cor roxa do tamanho de bolas de golfe, com um conjunto de jóias maçante penduradas por um fio de prata. Ela considerou penhorar-los -havia uma loja de remessa realmente brega abaixo da rua da casa de seus pais, mas quando ela chegou perto disso, ela descobriu que não poderia participar com coisas feias .

Em seu segundo ano, os Pisanis deu-lhe um enorme cachecol lilás tricotado pela avó Pisani. Luce realmente tinha usado algumas vezes, uma vez que ela ficou com frio de novo, até que Collin Marks disse a ela na aula de Biologia que o lenço era da mesma cor que o feto de porco que estavam dissecando.Desde que Collin era amigo de Trevor, e Trevor riu (só um pouco, baixinho), foi o suficiente para banir o lenço para as regiões inferiores do seu armário.

-Rumfem os tambores, por favor. Dominick disse com um sotaque suave. Luce tinha ido para a porta dos fundos da sala. Obediente, Luce bateu as palmas das mãos contra as coxas.

- Bem, o que você acha?Sr. Pisani perguntou antes de tirar totalmente a venda.

Para a maioria das pessoas, a visão diante deles seria parecida com um monte de lixo. Metal enferrujado, pintura descascada e escapamento quebrado. Mas Luce viu sua beleza no seu potencial.Era uma Triumph Honda 89 preta. Ela tinha visto Joe ressuscitar aquela pilha de lixo durante semanas. Ela estava babando todo o ano por a moto que Joe tinha arranjado.

- De jeito nenhum. Ela engasgou, caindo de joelhos diante da velha bicicleta. De jeito nenhum, de jeito nenhum – Claro, o Pisanis juntos disseram, parecendo satisfeitos.

“Você gostou?”, Perguntou Dominick, mostrando os dentes brancos por trás de seu rosto manchado de graxa motor . “Quero dizer, ela precisa de um pouco trabalho .”

“Um pouco?” Sr. Pisani bufou.

“Pop”, disse Dominick. “Eu disse a você que eu vou consertá-la este verão, enquanto ela estiver fora. ”

“Coloque um pouco de cabelo no peito”, SR. P. murmurou para Luce.

Luce olhou para Dominick, que abaixou a cabeça apenas um segundo tarde demais para evitar que Luce o visse corar.

“Eu não posso aceitar isso”, disse ela, desejando ao mesmo tempo imediatamente ela resistiu a tendência irritante de ser educada e justa e gritou: “Sim!”

- Se você puder, Sr. Pisani disse suavemente.A vontade. Venha em setembro, é tão bonito que você não pode resistir-se.Luce passou a mão sobre o preto desbotado do assento da bicicleta. A chuva e o tempo tinham danificado o assento um pouco, deixando a espuma em torno das bordas. Mas davam um grande e novo toque para toda a bicicleta. Luce havia adorado completamente .

- É perfeito. Ele disse, eu não poderia querer outra coisa -. Uma garota como você precisa de um par de pneus rápidos para defender-se de todos esses caras, hein? – Rosnou o Sr. Pisani. – Você vai ficar para o jantar ou o que? Sinto o cheiro de Bolognesa no andar de cima .

- Eu não posso, não ..

- Ela é uma menina bonita- Joe disse.O que faz você pensar que ela estaria aqui a noite toda? – Ele se virou para Luce, que na verdade teria gostado de ficar para o jantar. Mas já havia aceitado muito dos Pisanis. Vamos. Joe disse, eu vou levá-la até a porta.
Abrace o resto deles e prometa ligar, em seguida, Joe estava seguindo pela porta da frente. Estava ficando escuro e começando a fazer frio.Luce estava prestes a deslizar as mãos nos bolsos para o calor quando, Joe colocou uma chave na palma de sua mão .

Que é isso? -Luce perguntou. Mas ela sabia o que era. Era da moto de Joe. Sua Honda Shadow 1986 dourada.

- Ouvi dizer que há uma festa hoje à noite-Joe sorriu por isso não preciso transportá-la para o lago? – Em seguida, ele passou a mão pelo cabelo emaranhado e desapareceu dentro da loja antes que ela pudesse responder. Seu telefone celular estava vibrando novamente. Provavelmente mais persuasão de Callie sobre a festa. Luce estava sozinha na calma noite de verão, a chave foi ganhando força e calor dentro de seu punho. Outra vez, ela teve essa sensação. Um forte medo dentro dela, ele estava ansioso para que ela se tornasse outra coisa. Ela sabia que ele iria para a festa. Ela sabia que algo estava prestes a acontecer. Algo grande, importante e inevitável. Algo difícil de decifrar. Só que ela não sabia se o que vai acontecer vai ser bom ou ruim. Ela se dirigiu para a moto, sacudindo as chaves na mão. Por um breve momento antes de ligar o motor, pensou em ir procurar Trevor na festa e convidá-lo para dar um passeio no lago.